terça-feira, 19 de agosto de 2008

Weekends outside the burgh II - New York, New York

Fui a grande maca. Vim de la a perceber porque e que a minha cidade pode ser enfadonha: quando existe uma Nova Yorque tudo o resto e cinzento.

A cidade e grande e, na parte que vi, tem avenidas largas e concorridas por pessoas coloridas e unicas. Ha muito multi-tudo em todo o lado.
Nas estradas, passam taxis, muitos carros, muitos autocarros e bicicletas com atrelados que tambem sao taxis. Nao e preciso esperar pelo sinal para atravessar a estrada como em Pittsburgh, a pressa fala mais alto.
Os cheiros sao fortes e surpreendentemente agrestes e ofensivos. O metro e opressivamente abafado, e e com alivio que se entra nas carruagens com ar condicionado.
Choveu e fez sol alternadamente e com muita intensidade. Quando choveu, criaram-se pequenos rios nas bordas das estradas, tal qual como em Lisboa, e foi preciso ter cuidado com os salpicos dos carros.

Existem igrejas trabalhadas um pouco por todo o lado, mas a verdadeira historia pertence aos arranha-ceus. Sao esses os simbolos de uma cidade que vive de ambicao e vontade, a verdadeira metropole capitalista onde o caos urbano se transcende e se transforma em cidade.
Do alto do Empire State Building, a cidade nao acaba. Wall Street e uma alfama de arranha-ceus, com ruazinhas exiguas. Perto do rio Hudson, cheira a maresia e a frescura do mar invade a terra. Times-square pisca a cores e regorgita pessoas. E dificil ouvir o toque do telemovel. Em central park ouvia-se samba e faziam-se piqueniques. Os bancos tem dedicatorias pessoais.

Isto, parece-me, e tipicamente americano. Tambem na minha universidade existem dedicatorias a pessoas que morreram e os tijolos do chao tem nomes de antigos alunos inscritos. E como se as instituicoes guardassem a memoria dos individuos que as habitaram, como se vivessem feitas de seres. E diferente da sensacao que emana de uma universidade como o Tecnico, que parece um tumulo intocavel por onde passam formigas (nos).

E fui ver um musical, e uma peca de teatro, e consegui andar 3 milhas sempre a direito...
Parece-me que poderia viver aqui.

Weekends outside the burgh I - racoons and other dangerous animals

No outro dia fui acampar. E tambem fui a praia, que e como quem diz, fui ao lago.
Aqui nao ha praias maritimas, apenas aguas leves e ensonsas.
Tudo isto fica a duas horas de carro da minha casa, o que e extremamente perto, ao nivel do quintal atras da casa, em termos americanos.

Aproveito para dizer que uma das coisas que espanta neste pais e a distancia. A europa sao muitos paisinhos pequenitos. Mas a america e mais um continente que um pais. Este sentimento de vastidao e dificil de apreender enquanto nao se viaja em estradas americanas, e se ve verde atras de verde, estrada atras de estrada sem sair do mesmo estado.

Adiante. O parque de campismo era de facto americano e tecnologico. Nos, os estudantes "europeus" quase rastafari, eramos os unicos a acampar com tendas. Tudo o resto incluia pelo menos uma parabolica e superficies metalizadas e higienicas.
Mas nao falei muito com os vizinhos.
Falei sim com os internacionais que viajavam comigo.

Iam 10 pessoas, e cerca de metade nao se conhecia. Mas acampar quebra o gelo. Veem-se arvores, sai-se da cidade e deixa de apetecer falar de trabalho. Fica uma atmosfera fluida feita de disponibilidade para estar, simplesmente estar. As piadas e os sorrisos sao faceis, e de vez em quando brotam conversas interessantes feitas das vidas e opinioes variadas das pessoas.
O clima era descomprometido e promissor. A noite, a volta da fogueira, melodiamos umas cancoes nao tao afinadas, viam-se estrelas e cozinhamos marshmellows.
Deixam-se os egos e preocupacoes maiores em Pittsburgh. Pela primeira ri-me ate as lagrimas com as aventuras honestas de um candidato espantado por ter sido seleccionado.

A praia tinha ondas, gaivotas e agua a perder de vista, mas nao cheirava a mar. Jogamos voleibol, e conhecemo-nos por entre sestas, lanches e passeios. Andamos de caiaque.

A volta, vinha carregada de areia e de promessas.

(E claro que vou voltar... )
(Ah, e o titulo do post vem do facto que existiam racoons perto do parque, dai termos que empacotar as coisas muito bem antes de nos deitarmos.)