As coisas que mais aprecio numa lingua sao as expressoes idiomaticas, as palavras intraduziveis, os pedacinhos da alma cultural de um povo com que organizamos o pensamento e que nos fazem portugueses sem dar conta.
Viver nos EUA e falar ingles diariamente fez-me compreender o quao uteis sao este tipo de expressoes ou palavras unicas, que, em duas ou tres palavras, expressam um estado complexo. Nao as consigo traduzir (Ainda?).
Por exemplo, como traduzir a palavra desenrascar? Saudade e facil de traduzir (I miss you, baby), mas desenrascanco? Como traduzir o facto de que so queremos uma solucao simples, temporaria, sem querer pensar muito nisso? Como traduzir ao mesmo tempo a ansiedade presente na palavra desenrascar - a ansiedade de alguem que tem muito para fazer, sabe que nao e facil alcancar tudo do que tem a cumprir, mas que tem que se desenrascar?
As vezes rio-me sozinha das possiveis traducoes de expressoes familiares. Outras vezes, rio-me com o M. quando tentamos traduzir um para o outro.
Por exemplo, "hey you, you don't need to put the little horses on the rain, we're not going anywhere". Tirar os cavalinhos da chuva e sem duvida uma das minhas preferidas.
Essa e "this is only for english people to watch". "So para ingles ver" - residuo das invasoes napoleonicas (?) - e algo que expressa tao bem a intencao superficial das accoes. Nao encontro nada que a substitua.
Tambem ha expressoes idiomaticas em ingles.
Ate agora, a mais comica descoberta foi acidental, quando uma colega do Doutoramento disse em alto e bom som, no meio de uma festa: "I'm going to cut the cheese". Toda a gente (americanos) se comecou a rir porque... ta nan nan... ela estava a dizer que se ia peidar!
Ha outras expressoes em ingles que fui aprendendo ao longo do tempo... A mais gira e "do it on the fly", que quer dizer que vais improvisando a medida das necessidades, ou "play it by hear (?)", quando chegar a altura logo se ve. Outras servem de desculpa "I don't know that on top of my head (ou from the top of my head?)", nao sei isso assim de repente...
Os pontos de interrogacao quer dizer que nao tenho a certeza se as expressoes sao mesmo assim, portanto nao as usem!...
sábado, 24 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
English para adultos
Nao sei porque, pensei que seria boa ideia ter aulas para ser professora aqui na universidade americana.
E porque as propinas carissimas subsidiam nao so o jacuzzi e a sauna dentro dos balnearios, mas tambem um centro de linguistas profissionais para ajudar os alunos que veem do outro lado do atlantico e do pacifico, la tive licoes sobre stress and entonation.
Adorei.
Eu sempre reparei que os estrangeiros carregam a musica da sua lingua para o ingles. Com este curso fiquei a perceber porque. Falar uma lingua nao e so dizer as palavras com os fonemas na ordem correcta. Falar implica ritmar as palavras e os sons.
Existem linguas em que o ritmo e ordenado e previsivel, tique taque tique taque. Por exemplo, o portugues e uma de essas linguas. Quando falamos o volume com que soletramos cada silaba e parecido. O tempo que demoramos a falar cada silaba e similar.
O ingles e diferente.
Os verdadeiros americanos pausam, mudam o volume das palavras, e alteram a entoacao para dar enfase a verdadeira mensagem da frase. E os gestos marcam o ritmo do dialogo. (A professora disse que eu fazia gestos com a cadencia da lingua portuguesa ao mesmo tempo que falava portugues).
Achei isto muito engracado. Nunca tinha reflectido sobre isto, mas depois comecei a pensar se a maneira de falar nao seria reflexo da cultura de um povo... Se o individualismo feroz dos Estados Unidos nao se transforma em conseguirem e quererem isolar palavras (com stress and entonation) do resto da frase.
E porque as propinas carissimas subsidiam nao so o jacuzzi e a sauna dentro dos balnearios, mas tambem um centro de linguistas profissionais para ajudar os alunos que veem do outro lado do atlantico e do pacifico, la tive licoes sobre stress and entonation.
Adorei.
Eu sempre reparei que os estrangeiros carregam a musica da sua lingua para o ingles. Com este curso fiquei a perceber porque. Falar uma lingua nao e so dizer as palavras com os fonemas na ordem correcta. Falar implica ritmar as palavras e os sons.
Existem linguas em que o ritmo e ordenado e previsivel, tique taque tique taque. Por exemplo, o portugues e uma de essas linguas. Quando falamos o volume com que soletramos cada silaba e parecido. O tempo que demoramos a falar cada silaba e similar.
O ingles e diferente.
Os verdadeiros americanos pausam, mudam o volume das palavras, e alteram a entoacao para dar enfase a verdadeira mensagem da frase. E os gestos marcam o ritmo do dialogo. (A professora disse que eu fazia gestos com a cadencia da lingua portuguesa ao mesmo tempo que falava portugues).
Achei isto muito engracado. Nunca tinha reflectido sobre isto, mas depois comecei a pensar se a maneira de falar nao seria reflexo da cultura de um povo... Se o individualismo feroz dos Estados Unidos nao se transforma em conseguirem e quererem isolar palavras (com stress and entonation) do resto da frase.
Lettuce Souprise You*
Ola! Ainda estao ai?
No dia 9 de Junho fez dois anos que me mudei para os States.
Muita coisa se passou, a minha vida alterou-se radicalmente, e sou feliz (suspiro/ inserir smile).
Nem sei por onde comecar, por isso falemos de trivialidades.
Visitei S. Francisco, Miami, uma cidade perdida no meio do Wisconsin, e ja andei de carro 15 horas seguidas por entre varios tipos de arvoredos (da Pensylvannia ate a Georgia). Ja vi a minha primeira bandeira da confederacao numa casa perdida no Sul dos EUA.
Ja sei quem e o Glenn Beck.
Ja esquiei, e andei de rafting duas vezes.
Ja sobrevivi a uma tempestade de neve e aprendi o que era cabinn fever.
Ja fui atendida nos servicos de saude americanos.
Ja tive aulas sobre como falar em ingles como uma americana.
Ja me esqueci de algumas palavras em portugues e ainda nao sei outras em ingles.
Ja submeti um artigo para um revista hiper-super croma com o meu orientador.
Ja sou perita em compras de mercearia em Pittsburgh.
...
Tanta coisa.
E tantas outras coisas.
Nao sou a mesma. Mas continuo a lembrar-me da password deste blog. E espero continuar a ver-vos por aqui.
*titulo de um restaurante que vi na estrada
No dia 9 de Junho fez dois anos que me mudei para os States.
Muita coisa se passou, a minha vida alterou-se radicalmente, e sou feliz (suspiro/ inserir smile).
Nem sei por onde comecar, por isso falemos de trivialidades.
Visitei S. Francisco, Miami, uma cidade perdida no meio do Wisconsin, e ja andei de carro 15 horas seguidas por entre varios tipos de arvoredos (da Pensylvannia ate a Georgia). Ja vi a minha primeira bandeira da confederacao numa casa perdida no Sul dos EUA.
Ja sei quem e o Glenn Beck.
Ja esquiei, e andei de rafting duas vezes.
Ja sobrevivi a uma tempestade de neve e aprendi o que era cabinn fever.
Ja fui atendida nos servicos de saude americanos.
Ja tive aulas sobre como falar em ingles como uma americana.
Ja me esqueci de algumas palavras em portugues e ainda nao sei outras em ingles.
Ja submeti um artigo para um revista hiper-super croma com o meu orientador.
Ja sou perita em compras de mercearia em Pittsburgh.
...
Tanta coisa.
E tantas outras coisas.
Nao sou a mesma. Mas continuo a lembrar-me da password deste blog. E espero continuar a ver-vos por aqui.
*titulo de um restaurante que vi na estrada
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