domingo, 29 de junho de 2008

Things I've learned this week: living in America (II)

1. Álcool
É estranho mas aqui é Mesmo proibido beber álcool na rua, ou num parque ou num pique-nique, assim só porque apetece. No espaço público não há álcool (God dixit?). A Jenny disse-me que na prática isto resulta em termos inocentes a serem usados como garrafas de vinho. Vem-me neste momento à memória um concerto de rua que tinha um sinal a dizer "no drinking beyond this space" (pareceu-me tão estranho que só agora me faz sentido).
Não há vinho nem cerveja em super-mercados. Temos que nos deslocar a umas lojas especiais e mostrar ID (no meu caso, passaporte) pelo menos teoricamente. Dado que quando vou a festas tenho levado (além de bebidas boas, como sumos) garrafas de vinho para a malta já entrei nestas lojas duas vezes. Têm todas tantas garrafas que a escolha se torna num processo agonizante. Especialmente para quem o vinho é todo igual e sabe a remédio. Em todo o caso, numa não quiseram saber se tinha menos de 18 anos (quiçá o vendedor estaria bêbedo?).
Também em bares se tem que mostrar identificação para beber. Esquisito. Estamos descontraídos a conversar, o tempo passa, o humor fácil surge, a descontracção aumenta, pede-se qualquer coisa e é como se a polícia chegasse à mesa. Mesmo eu, que não bebo, tenho que andar de passaporte no bolso.

2. Relações
Conhecer novas pessoas é fácil, estabelecer connections é simples, e a cortesia é a medida comum pela qual se pautam. Mas a intimidade continua difícil. Segundo alguns portugueses, é mesmo mais díficil do que noutros ambientes. Se não tivesse falado com a Jenny atribuiria este paradoxo ao clima estudantil, ao mesmo tempo individualista e descontraído, e à rotatividade de pessoas no Burgo. Mas não, ela sublinha: "This is America."
A distinção entre amigo e conhecido é mais subtil. Consequentemente, nós [europeus], habituados a relações com símbolos de intimidade bastante diferenciados para pessoas em diferentes locais da hierarquia emocional, podemos ficar confusos.
Devem haver mais gradações também nas relações amorosas. Tive hoje um debate (foi mais uma digressão) sobre se o conceito de "dating" equivale a estar numa relação ou não. Aparentemente, não há resposta simples. Pode ser e pode não ser.

3. Tolerância
Tenho que dizer (sem muita vontade, confesso), que encontro muito mais boa-vontade nas ruas desta cidade do que em Lisboa. Pelo menos, aparentemente.
Vêem-se mais pessoas com "necessidades especiais" nas ruas. Deficientes, pessoas em cadeirinhas de roda tecnológicas, whatever. Mais, é normal ver pessoas a tagarelarem com deficientes em autocarros, repito: a não ignorarem estas pessoas. É a américa novamente: o chit-chat com o vizinho do autocarro é normal.
Isto reflecte-se nos serviços, que aqui são mais para todos. A minha universidade tem acessos visíveis para estas pessoas. Na biblioteca principal, a porta maior e central é para pessoas em cadeiras de rodas. No Pingo Doce aqui da zona, um deficiente mental embalou-me as compras (o Alex diz que neste supermercado são todos deficientes, mas isso já são outras conversas). No aeroporto, existem cadeiras e auxiliares para pessoas que não se consigam deslocar facilmente. E não são só brancos gordos que andam de cadeirinha. Vi um puto preto sozinho a beneficiar deste serviço.
E vêem-se muitos casais mistos nas ruas. Mais do que em Lisboa até, parece-me. E a universidade está cheia de pessoas de todos os credos.

4. A eficiência
Tenho que dizer que estou um bocado desiludida. Apercebi-me que agarrada à ideia dos States serem (toda a gente diz) mais desenvolvidos que Portugal vinha a presumpção que aqui tudo era como eu conhecia, mas melhor.
Mentira, aqui tudo é diferente.
Isto é, a menina do banco é, sem dúvida, muito mais simpática e prestável que as meninas portuguesas. Trata-me com muito mais atenção (como se eu tivesse mesmo dinheiro). As coisas aqui são, indubitavelmente, mais rápidas, menos burocráticas, mais... eficientes. Mas, e depois? Para levantar dinheiro em qualquer ATM que não pertença ao meu banco pago uma taxa. Só posso fazer 6 transferência pela internet por mês (state law). E se alguém apanhar o meu cartão de débito americano pode usá-lo como cartão de crédito.

E nem falemos de saúde e dos seguros. Mais vale rezar para que nada aconteça.

My joyful little house





Aqui está a cozinha e os sítio de onde falo de skype. Está noite por isso não tiro fotos do jardim (também não tenho ido lá).

sexta-feira, 27 de junho de 2008

American afternoon com sabor português

Estive todo o dia a preparar a reunião com o boss.
Juntei gráficos, revi mentalmente os factos importantes, respondi a perguntas imaginárias, sofri com as que não tinham resposta clara.
Tentei esboçar quadros teóricos que explicassem os factos.
Às cinco quase que roí as unhas.
Mas respirei fundo, desci as escadas e bati à porta.

Ninguém!
Ele hoje não esteve na CMU.

É claro que depois de tal anti-clímax, arrumei as coisas e fui para casa.
Mas sem me apetecer arrumar-me no sofá ou na sala ou em qualquer recanto, resolvi dar uma volta. Comi um gelado super-size (tive que o deitar a fora a 70% - impossível de acabar!) e fui para este sítio, que já elegi como o meu sítio favorito da cidade, pela proximidade com os rios:

Neste sítio, mesmo na downtown, o Monongahela e o Allegheny juntam-se para formar o Ohio. Os americanos transformaram este vértice de água num parque sem arranha-céus onde se pode passear e andar de bicicleta. E as pinguinhas do repuxo servem para imaginar a que cheira o delta do Tejo.

Fiquei aqui até quase o sol se pôr e depois, ia eu muito bem para casa... ouvi um barulho. Era mais um batuque, assim como... uma festa! É claro que fiz um desvio, apenas para encontrar um montão de gente num concerto de rua a sambar ao ritmo de uns tipos de Brooklyn. Só me apercebi que era mesmo samba quando a apresentadora falou em português "Ôi, minhá gentxe, à fésta não acabou aqui não!".

É verdade que a língua é uma nação. Comprei o CD (que estou agora a ouvir) e como é bom ouvir português, ou melhor português musicado ao som do brasil! As letras são em inglês e em brazuca e os títulos mais lindos são: Onde tem cerveja tem mulher e A cowboy in Brasil. E os ritmos são uma mistura de country com samba e, provavelmente, com outras coisas (a Jenny diz que soa meio a música irlandesa, mas ela confessou-me que está meio bebeda)...

Até breve, gêntxe!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

How many times can you eat veggie burger with pasta with organic tomato sauce and lettuce (without getting totally fed up)?

3.

Já voltei aos cereais para o jantar.

Entretanto, pormenor americano do dia: ora ia eu no autocarro, cheio de malta cool em festa na cauda do autocarro, quando, de súbito ouço uma voz microfónica "rrm ... no swearing!". E imaginem lá qual foi a resposta: "sorry boss".

A Cruz de cada um

Não resisti!!
(stipouff agente 00 inflitrado)

terça-feira, 24 de junho de 2008

I found (II)

1.
a Espiral cá do sítio!

Só quem é europeu, talvez mesmo só quem é tuga, pode compreender o desespero de tentar encontrar boa comida (daquela que nos deixa a fome, a gula e a consciência tranquilas) nas ruas desta cidade. É parecido com o desespero de tentar encontrar boa comida no Colombo ou Vasco da Gama.

Mas eu encontrei! Um restaurante vegetariano biológico que serve um mix de diferentes pratos, à la Espiral, quente! Hum, que alívio (já estava a ficar mais magra e tudo).

2.
Entretanto, encontrei (enviaram-me por mail) ainda um artigo sobre a maneira como a filosofia da escola de Chicago se pode infiltrar nas políticas do Obama. O jornal é o jornal da esquerda cá do sítio (eu não sabia) e o artigo foi escrito pela Naomi:

http://www.thenation.com/doc/20080630/klein

(nota: a escola de Chicago é uma das que defende acerrimamente a não intervenção do Estado e a auto-regulação do mercado).
Mais uma vez, não me parece que isto seja representativo dos media americanos.

E agora, trabalho!

domingo, 22 de junho de 2008

And the week (and vacations) eventually end...

com uma chuvada que me ensopou até aos ossos, uma proposta de filme ao ar livre cancelada (por causa do bom tempo) e o meu primeiro jantar (a sério) feito em casa...

As lições americanas da semana:
(as portuguesas são outras)

1. As trovoadas magníficas - em que todo o céu se ilumina e range - são triviais.

2. Everybody's nice tirando @s empregad@s da "mercearia" cá do sítio ("Giant Eagle" - Águia Gigante).

3. O conceito "comer bem" deve ser diferente. Há bolor em alguns produtos vegetais do super-mercado. Outros parecem velhos. São todos caros. Esqueçam verificar a data em que foram embalados.
(parte da razão deve-se ao facto da Águia Gigante - aberta 24h/7d - ter comido os pintainhos e ser um monopólio nesta zona da cidade).

4.Pensar que se é rico é outra coisa. Pode-se comer tanto até ficar se uma bolinha; comprar pequenos camiões para ir ao cinema; gastar energia em arrefecimento inútil, só porque sim.

5. Ser muito muito rico então, é mesmo outra coisa. Enquanto uns não têm água em casa, outros lavam os pés em cascatas naturais (literalmente).
(fui ver esta casa na 6ª, desenhada pelo Frank Lloyd Wright nos anos trinta para uns magnatas cá do Burgh: http://www.paconserve.org/index-fw1.asp)

6. O King é fixe e recomenda-se, tanto a sala de cima como a sala de baixo. Ontem fui ver uma performance sobre a situação do afro-americano cá do sítio. A artista estava descontroladamente poética e foi impressionante.

7. Provavelmente, o New York Times não é representativo dos media americanos. Coisas que aprendi ontem enquanto fazia zapping:
- há um professor no Ohio que brandiu a cruz nos braços de alunos, entre outras atrocidades católicas de que não me lembro. (Geraldo)
- há uma esquadra numa cidade perto de mim onde existem fantasmas. (Geraldo)
- alguns tipos afectados pelas cheias estão #$%idos porque não tinham seguro contra cheias. A responsabilidade por esse azar é deles mas felizmente foi aprovado um fundo para que ainda possam fazer um seguro. (CNN)
- a Michelle Obama é fixe porque apareceu com um vestido de apenas 99$ na TV (Geraldo/Vários).
- houve um pacto de estudantes adolescentes para ficarem grávidas algures no Massachussetts. O médico dessa escola demitiu-se porque, ao contrário do permitido, entregou contraceptivos aos jovens (acho que não me enganei). Havia um senhor negro na TV indignado com isto (com o pacto, mas pelo ar também ficaria indignado se ouvisse falar de distribuição gratuita de preservativos). (CNN/o senhor negro era do canal local)
- a irmã da Britney Spears teve uma filha; o Tiger Woods ganhou o torneio com uma perna partida e uma pessoa relacionada com o Hulk Hogan atropelou um inocente porque estava bêbado (sortido).

8. O jantar foi bom, mas teria sido ainda melhor se não tivesse sido fuinha e comprasse sumo de frutas.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

I found...

o King cá do sítio!

Na quarta fui ver este filme:
http://www.imdb.com/title/tt0896866/synopsis

"Standard Operating Procedure" sobre a história por trás das fotografias de Abu Grahib.

A sala passa filmes europeus e (calculo) do cinema mais independente americano.
Tinha ar de quem o fazia com poucos fundos. Mas haviam pipocas (muito independentes, tiradas por uma máquina sem marca e um indiano com ar de aficionado) e uma data de folhetos sobre as últimas (fixes) de Pittsburgh.

(lapso cultural: as pipocas aqui são salgadas. Tuga que sou, confundi o saleiro com o açucareiro e encharquei as minhas pipocas de sal e canela - não admira que o indiano tenha mostrado alguns sinais de confusão.)

A sala estava quase vazia: cerca de 10 pessoas (sobretudo em pares de gajas, não percebi bem porquê) a ver o filme.

E o filme em si? Curioso claro, na maneira como conta algumas das histórias por trás das fotografias. E interessante como documenta uma reinterpretação das fotografias à luz da sensibilidade militar (sem o justificar). Enfim.
(Este livro - do tipo que preparou a Stanford Prison Experiment - está bastante relacionado com o filme: http://www.lucifereffect.org)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

No artificial anything

(A frase é emprestada dos iogurtes da Danone cá do sítio)

Bem, passou uma semana. Já fui a uma festa, ajudei a montar uma casa e tenho saído com a malta tuga. Passeei pela downtown e já tenho mapas.
Mas continuo a sentir-me com pressa. Com pressa de ter uma vida normal. De ter referências. Coisas básicas que só notamos que se foram embora quando já não as temos...
Saber quais são os transportes para onde, e mais ou menos quanto tempo se tem de esperar. Quando é que fecham as coisas (aqui, 10 da noite é tarde para jantar). Estereótipos que simplifiquem a vida. Quais é que são as zonas perigosas que se devem evitar. Quem é perigoso.
Onde é que se vai quando se quer ir a qualquer coisa. Sei lá. Saber quem são os teus amigos.

Também começo a interiorizar que a cultura, sei lá, o contexto é pura e simplesmente diferente. Isto é, muitas das coisas que valorizo enquanto europeia (e que enunciaria como fundamentais para considerar um país desenvolvido) aqui não são assim tão importantes.

Para ter mobilidade é preciso carro. (E não existem carros pequenos à nossa escala.) A rede de transportes públicos não chega aos calcanhares do metro, nem tem a cobertura da Carris.
Comer bem aqui, sai relativamente caro e mais caro que no nosso país. Isto é, mac'donalds é mais barato que fruta (e para perceber o que leva o pão é necessário um curso - tanta m#, meu Deus!)
O aquecimento das casas é extraordinário de ineficiente. O ar condicionado gela no Verão (literalmente) e no Inverno pode-se andar de t-shirt nos edíficios (enquanto neva no exterior).

Por outro lado, há coisas que admiro. Parece que tudo aqui funciona. E as pessoas são simpáticas porque sim. Sorriem e são prestáveis, não porque sejam tuas amigas ou porque gostem de ti, mas porque sim. Na generalidade das interacções que tenho observado impera a cortesia. Mesmo inesperada.
Hoje, no supermercado, houve um problema qualquer com o pagamento dos dois tipos à minha frente. Estes tipos tinham ar de quem pertencia aos gangs dos filmes, além de terem mais dois palmos do que eu. Eram Grandes. Mas nem levantaram a voz à cashier, nem a baixaram. Pareciam estar a tentar encontrar uma solução.
É claro que parte deve ser devido ao facto de isto ser uma small-town (cerca de 300 mil pessoas, de acordo com Wiki) mas não deve ser só isso.

Enfim, fiquei com sono. Boa noite.

sábado, 14 de junho de 2008

My first adventure

Fui apanhada pela polícia americana!

Foi assim: ontem eu e o Alex (é mais o Alex e eu, dado que o Alex é que ia a conduzir) fomos buscar Rodrigo&Sónia ao aeroporto. (O Rodrigo vai ficar aqui em casa durante os próximos tempos. A Sónia só vai ficar durante a próxima semana a acompanhar o seu querido.)

(Parêntesis: no caminho para o aeroporto - meia hora por uma autoestrada que à noite é negra, tal parece perdida no meio de nenhures - apanhámos uma trovoada magnífica. Tão magnífica, tão magnífica que eu estive o mais perto possível de me borrar de medo devido a trovões. Ainda por cima o Alex aproveitou para gozar e contar imensas histórias horrorosas de pessoas com destinos infelizes em situações semelhantes. Adiante.)

Voltávamos muito bem para Pittsburgh (1 da manhã), Sónia e Rodrigo mortos de cansaço no banco de trás, quando ouvimos a sirene da polícia atrás de nós, junto com as luzes azuis e vermelhas. Sim, era mesmo para nós. O Alex parou na beira da estrada e pôs os braços em cima do volante. (Felizmente, ele sabia que não se pode sair do carro naquelas circunstâncias. Depois disse-nos que isso podia dar direito a tiroteio policial. Acho que ele não estava a gozar, embora provavelmente isso tenha acontecido em apenas alguns casos.)

Enfim, depois de nos intimidarem com uma lanterninha apontada às janelas do carro, tipo turistas no zoo a ver os morcegos, perguntarem se tínhamos armas no automóvel (!), cirandarem em volta do carro (num total de 3 polícias ao mesmo tempo), disseram que a matrícula/regiato/ coisa burocrática do carro do Alex tinha expirado há duas semanas. E que era melhor ele tratar disso ou então passavam-lhe uma multa.

E pronto, adios, bye, bye, end of adventure, fomos embora jantar.

My place

Experimentar vários zooms:

http://maps.google.com/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-PT&msa=0&t=h&msid=112921586100347408332.00044fa28b84a9e87f34d&ll=40.436773,-79.92323&spn=116.479252,306.5625&z=2

sexta-feira, 13 de junho de 2008

First meeting with The boss

Estive uma semana a pensar no que lhe havia de dizer.
Estive o dia de ontem todo a pensar em argumentos arrasadores que demonstrariam o quão bom vai ser o meu trabalho de investigação.

Inutilmente.

A nossa reunião consistiu em:
- Já estás a receber?
- Já tens seguro de Saúde?
- (Sarah [secretária] trata disso!)
- Já tens casa?
- Aqui tens o meu número de casa e da minha mulher, caso haja algum problema.

É claro que estive tanto tempo a pensar que lhe tive que dizer algumas coisas sobre R&D. Com a sensação que mais valia ter estado calada.

Entretanto, olhem só o que eu descobri:

http://www.selfdiscoveryportal.com/

http://www.selfdiscoveryportal.com/psindex.htm


Está-me a apetecer ir espreitar o encontro deles na próxima 2ª. Se calhar, vão-me dizer para me suicidar ao terceiro dia conforme as escrituras, mas como o encontro é numa biblioteca deve dar tempo para fugir... Espero não me deparar com um agente undercover do FBI.
Entretanto, vou tirar férias, por causa do jet lag... Pittsburgh here I go!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

This is the way things are done around here...

Já tenho escritório, conta bancária e mais quatro pares de sapatos.

Arranjar Student ID, escritório e conta bancária foi muito fácil.
Para os quatro pares de sapatos foi necessário planeamento dado que não tenho carro como um americano normal. Comprei-os no centro comercial cá do sítio, com a ajuda da boleia de um tuga (muito difícil ir a qualquer sítio de autocarro) que conhece o Marcos e a Xana e o Rui Neto (do teatro) e a FLIST (!). Estranho como a casa às vezes não está tão longe assim.
O tuga chama-se Alex, é amigo (ex) da Inês, minha roommate agora ausente. É claro que lhe emprestei o CD do Marcos, com uma vaga sensação de irrealidade - demasiadas referências em comum para Pittsburgh.

Entretanto, feita emigra desconsolada vi o jogo do Euro, a vitória estrondosa frente aos checos. O Pedro, namorado da Carla, minha colega de doutoramento, arrastou-a (e, por consequência, arrastou-me mim) para um almoço frente a uma TV que passasse bola. Deixei-me ir porque gosto de estar com eles e até tinha um misto de curiosidade patriótica. Ou melhor, até sabe bem sentir-me portuguesa (identificada, talvez) no meio deste mundo estranho. Assim, dado que senti a selecção como um símbolo crucial de diferenciação social e não como um dispêndio algo desnecessário de atenção, desta vez até quis saber dos golos.
O plano era irmos para um bar mas entretanto cruzámo-nos com outro tuga (que o Pedro conhecia) que nos levou ao estádio cá do sítio, uma sala de alunos de robótica onde se ouvia falar português e se jogou matrecos no intervalo. Foi um achado.
E também um investimento precioso, parece-me. Aqui na minha sala de alunos graduados - que quase parece a P10, produtividade americana o tanas, estes tipos estão sempre a falar alto - já ouvi comentar que Portugal tem uma equipa muito boa. Portanto, se quiser ter conversas superficiais com desbloqueadores de conversas fáceis (ou bocas para encher os intervalos das conversas hiper profundas sobre o sentido da vida) convém saber que Bosingwa não é nome de indiano e que Quaresma não é só na Páscoa.

Por outro lado, percebe-se porque precisamos de circo. Pelo Público/Expresso parece que Portugal está no caos, sem gasolina, sem comida por não poder ser transportada e com os bombeiros a dizer que agora não há ambulâncias para ninguém por causa da falta de gasosa. Espero que esta mensagem vos encontre bem, portanto.

Devo estar ainda meio jet-lagada e por isso estou um b o c a d o l e n t a.
Daí talvez este tom um bocado branco e neutro.
Enfim, até breve, que o post já vai longo.

"Female scholar in Pittsburgh"

I don't drink coffee I take biologic tea
I like my toast made with whole wheat
And you can hear it in my accent when I speak
I'm a female scholar in Pittsburgh

See me walking down the central street
A stack of books here at my side
Seeing fat people everywhere I turn
I'm a female scholar in Pittsburgh

I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh
I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh

If, "Hardwork maketh Doctor", someone said
Then he's the hero of the day
If US-natives ask for ignorance and smile
Be yourself no matter what they say

I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh
I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh

Modesty, propriety can lead to notoriety
You could end up as the only one
Gentleness, sobriety are rare in this society
At night a candle's brighter than the sun

Takes more than Fructis hair to make a woman
Takes more than ice cream to be fat
Confront your enemies, avoid them when you can
A scholar lectures, but she will never run

If, "Hardwork maketh Doctor" as someone said
Then he's the hero of the day
If US-natives ask for ignorance and smile
Be yourself no matter what they say

I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh
I'm an alien I'm a legal alien
I'm a female scholar in Pittsburgh

terça-feira, 10 de junho de 2008

Tales from a skinny city

Houve um piqueno brainstorming, aquando da decisão do nome pró blog, e várias foram as sugestões:
- "Viver com anemia é possível!"
- "A pão e água!"
- "Magreza é beleza"
- "Tales from the skinny side"
- 'bilhete postal' (já que vai ser a forma de comunicação dela além-mar)
- 'remember u.s.' ou 'us mail' (duplo sentido 'nós'-'EUA')
- 'cris overseas' (só porque rima)
Eu só tive oportunidade de as ler depois de tudo escolhido (tava com outro emigrado - o Avec), mas tenho a dizer que curto bué a "Tales from the skinny side"!

Tudo isto pra dizer que a ideia do blog é um veículo de comunicação, mas à tua medida, por isso tens todo o espaço para o editares!!

Bibitos grandes, stipouff

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Carias, Dasilvacarias

Já parti mas ainda não cheguei: mudei de nome, de cidade e de pequeno mundo e ainda não fiz outra casa.

O primeiro sentimento é a estranheza de estar num país onde não pertenço. Onde tudo me diz que eu não sou daqui...
Preenchemos declarações no avião que são inspeccionadas à entrada; somos interrogados quando chegamos por um membro da autoridade que nos olha com suspeição; posso estudar, mas não trabalhar... e se isso acontecer a federal law vem atrás de mim. De todo, sou estranha, sou alienígena. Enquanto tal, um conjunto de leis delimita claramente o meu espaço de acção enquanto (não) cidadã e isso traz um peso diferente às acções.

Fico sempre nervosa perante estas desconfianças. Como se estivesse a um acesso de loucura - fazer um comentário sobre bombas, por a cruzinha no sítio que diz que tenho intenções criminosas no formulário do avião - de ir parar a Guantanamo.

Mas Pittsburgh é bonito, ou o dia assim o pintou. Não há mar nos arredores, mas verde a perder de vista. O ar é quente e húmido, denso sem maresia.
E os meus colegas de casa prepararam jantar de boas vindas.

Agora estou a viver com a Inês e com a Jenny. Mas a Inês vai amanhã para fora e a Jenny passa a vida em casa do namorado, pelo que na próxima semana vou ficar sozinha a ambientar-me.
Já suspeito onde posso comprar os produtos da Frutis que encaracolam os cabelos, portanto está tudo bem.
(Ah, e amanhã vou à universidade trabalhar).
A nova vida começou!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A neve também queima a pele...

"Ladies and Gentlemen of the class of ’99
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be
it. The long term benefits of sunscreen have been proved by
scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable
than my own meandering experience…I will dispense this advice now.

Enjoy the power and beauty of your youth; oh nevermind; you will not
understand the power and beauty of your youth until they have faded.
But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and
recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before
you and how fabulous you really looked….You’re not as fat as you
imagine.

Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as
effective as trying to solve an algebra equation by chewing
bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that
never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm
on some idle Tuesday.

Do one thing everyday that scares you

Sing

Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with
people who are reckless with yours.

Floss

Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes
you’re behind…the race is long, and in the end, it’s only with
yourself.

Remember the compliments you receive, forget the insults; if you
succeed in doing this, tell me how.

Keep your old love letters, throw away your old bank statements.

Stretch

Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your
life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they
wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year
olds I know still don’t.

Get plenty of calcium.

Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.

Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children,maybe
you won’t, maybe you’ll divorce at 40, maybe you’ll dance the funky
chicken on your 75th wedding anniversary…what ever you do, don’t
congratulate yourself too much or berate yourself either – your
choices are half chance, so are everybody else’s. Enjoy your body,
use it every way you can…don’t be afraid of it, or what other people
think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever
own..

Dance…even if you have nowhere to do it but in your own living room.

Read the directions, even if you don’t follow them.

Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.

Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for
good.

Be nice to your siblings; they are the best link to your past and the
people most likely to stick with you in the future.

Understand that friends come and go,but for the precious few you
should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography and
lifestyle because the older you get, the more you need the people you
knew when you were young.

Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live
in Northern California once, but leave before it makes you soft.

Travel.

Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will
philander, you too will get old, and when you do you’ll fantasize
that when you were young prices were reasonable, politicians were
noble and children respected their elders.

Respect your elders.

Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund,
maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one
might run out.

Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will
look 85.

Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who
supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of
fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the
ugly parts and recycling it for more than
it’s worth.

But trust me on the sunscreen…"

Ou a versão musicada:
(Tão anos 90!)

http://www.youtube.com/watch?v=xfq_A8nXMsQ&feature=related


(Stipouff - orgulhosamente sem gmail)