segunda-feira, 30 de março de 2009

Emigrant tales

... ou os efeitos psicológicos da distância.

No ano passado, em Novembro, ouvi dizer que um colega espanhol (um rapaz que acampou comigo no Verão) estava dolorosamente acometido de dores gravíssimas. Suspeitou-se de apendicite, pedras nos rins e outras doenças que tais. Análises clínicas não acusaram nada nem ninguém. Ele suspeitou que anos recheados de aventuras alcoolicas fossem os responsáveis por tal doença anónima... Misterioso.
Há pouco tempo, soube que, voltado a Espanha e tendo ido ao médico espanhol, ele, mais uma vez, não obteve solução para o seu problema. O médico disse-lhe que era nada. De volta aos EUA, as dores não voltaram. Não é lógico, é psicológico (perdoem o clichet), segundo a pessoa que me contou isto.

Outras histórias se conhecem de emigrantes que desenvolveram alergias e problemas de pele, sentados nas cadeiras dos seus escritórios usianos. Pode ser que o ar americano seja mais propenso a isso, quem sabe... Ou talvez a ansiedade mental possa saltar para a pele.

A distância é esquisita. Não sei bem ao que sabe. Sinto-me como se os meus pais estivessem ali ao lado, e eu fosse a casa nos fins de semanas. Quando vou a casa, demoro tempo a habituar-me ao normal que já não é normal.
E o que é ainda mais estranho, é eu sentir-me estranha, numa casa que também é minha. É o ser alienígena a este país. É o estado americano me pôr em segundo lugar. Posso pensar em ficar cá, mas nada é adquirido. Tenho que arranjar permissões para tudo, e as permissões são limitadas. E dou por mim a andar pelos grandes supermercados americanos e a dar-me conta que estou na américa, estou no estrangeiro, e que ser emigrante deve ser isto: um misto de familiaridade adquirida que se entranha e se estranha ao mesmo tempo.

Sem comentários: