terça-feira, 20 de maio de 2008

Farewell Cris

A menina do cabelo ruivo encaracolado com sardas vai para US, terra lá longe de aventuras rocambolescas. Grandes viajantes por essas terras contaram com o Charlie Chaplin entre outros. Alguns nativos famosos até serão a Pocahontas e o Louis Armstrong. Vamos ver como é que será recebida a nossa Cris?



Fica aqui então a oportunidade de lembrarmos estes últimos 9 anos (aproximadamente) em que as nossas linhas do espaço-tempo andaram entre cruzamentos e emparelhamentos espalhafatosos ...

Em 1999, lembro-me muito bem, era uma terça de manhã, encontro o Paulo à porta do pavilhão de pós-graduação (que hoje é, e bem, de matemática). Sendo o início desse semestre de segundo ano, e havendo pouco para fazer (excepto para a Informativa salvo seja), dei-lhe aquilo que tinha para dar, e fiz do seu tempo minha companhia. Conversa puxando conversa, no minuto seguinte dou por mim a assinar, por osmose, a ingressão para mentor de caloiros no GAPE. Tal um anjo guardião, a minha preguiça venceu a osmose quando o Paulo também se ofereceu para colaborador do GAPE e candidatou-se a uma bolsa (que mais tarde obteve de facto). Quanto a mim, mantive a minha folha imaculada (fiuu).

Só na semana seguinte é que me apercebi do plano do Paulo (para além da bolsa). De volta ao GAPE (que ficava no segundo andar do Central, aonde mais tarde virá a situar-se o CENTRA), ele entra e sai radiante com a lista dos nossos futuros mentorandos (não me lembro de haver mais mentores nesse nosso segundo ano - penso que talvez o Martins e o Fortunato ... Ah sim, e claro, o "Netcyborg" - então ainda não denominado de "Guardião do Universo"). A primeira coisa que fizemos, claro está, foi de ver quem eram as miúdas ;p

E portanto soavam alguns nomes como Telma Mantas (que o Paulo reconheceu, e pedindo assim para ficar com 2a metade da lista), Cristina Carias, Alexandra Belo, Ana Luísa Pinho, Teresa Correia, Clara Fiúza e mais, e mais. Só depois de dividirmos a nossa lista (penso que ficámos com cerca de 12 mentorandos cada um) é que olhámos para todos os nomes indiscretiminadamente (note-se o neologismo). Nomes míticos como João Pedro, João Eduardo, João Vasco Gama, Fernado Patrício, Tiago Carvalho, João Carrilho e Leandro Lares entraram pela primeira vez e para sempre nas nossas vidas.

Bom, entretanto sobrepõe-se uma névoa na memória, vejo-me por uns lapsos a chegar atrasado ao fim da primeira aula dos caloiros e ao entrar, a ser acenado pela Rita Leal, pela Joana Ramalho,pelo Pedro Carvalho e pelo João Fortunato para dirigir-Lhes algumas palavras. Lembro-me de estar um bocado constrangido perante tão verde audiência. Depois fica tudo turvo e enrodilhado em névoa, e revejo-me numa sala do Central junto ao Gape, frente aos meus mentorandos a contar-lhes um pouco as aventuras do Técnico que lhes estavam reservadas: o Carvalhosa, as aulas, os profes, a aeist, a secção de folhas, os bares, o nfist, o círco, o pulsar, a astro etc...
Lembro-me particularmente da Cristina e do Gargaté, ela reclinada contra o seu assento com óculos, assídua e sorridente, ele, apoiando a cabeça de braço lançado na mesa, de sorriso descontraido e atento. Lembro-me dele dizer que Física Tecnológica fora segunda opção pois tentara ingressar como piloto da força aérea. Pois bem, uns anos depois lá voou em micro-gravidade na experiência de vôos parabólicos da ESA, com a primeira equipa com elementos do IST.

Nuns lapsos seguintes vejo-me a avistar o Pato e o Gato no bar de Civil, na esplanada, com um copo de loira na mão, e com um pequeno caloiro aloirado e de olhos azuis, talvez ainda ligeiramente tímido e algo reluctante a beber a sua jola oferecida. "Vens de onde? -De Faro", "Como te chamas? -Paulo, mas os meus amigos chamam-me Frango."

Uns dias depois já o Paulo (o outro) passa bastante tempo no Gape, tira a carta de condução, compra um fiat 127 velhinho e arranja cartão de parquear no interior do recinto. Puxa, hoje dou-me conta do seu entusiasmo empreendedor bem sucedido. E na noite de 5a, noite do estudante, lá vamos todos para a Carvoaria para, talvez, aquele que virá a ser o primeiro barril. Regrupámos os mentorandos à saída do pós, demos-lhes instruções para chegarem por todos os meios ao Calvário, pegámos nas mentorandas mais giras e embarcámos no fiat 127 beige escuro acastanhado. No assento de trás vinha a Cristina. E já não me lembro mais. Divertimo-nos, bebemos jolas, devo ter tido umas conversas de café brutalíssimas (por aquela altura estava mesmo entusiasmado com tudo aquilo). O Pato leva-nos para casa dele, não me lembro se ainda tivemos que passar pelo Arco-do-cego para depositar alguém - episódio da "Música e pão com chouriço" - e lá acabamos, uns vipes depois, a Cristina e o Paulo a rirem-se da minha figura de embriagado alegre, na torre por cima do centro Comercial Alfa, em territórios domésticos do Pato. Deviam estar lá, para além do Pato, do Paulo da Cristina e eu, o Ferras, o Gato, o João Pedro, a Ana Luísa, o Leandro, o Feliciano, o Artur, o Guimas, a Ana Silva etc... No fim dessa noite, reparei que a Cristina e o Paulo andavam muito a atirarem-se bolinhas de pão, e a seguir, ainda os surpreendi a lavarem a loiça, sozinhos na cozinha, entretidos na conversa ...

E acabo por aqui estas memórias do Técnico. Devo falhado uma data de detalhes, mas bom, a névoa às vezes força-me a interpolar e a extrapolar os dados. Caramba, aqueles anos de 1998/99 e 1999/00 devem ter sido dos anos mais estimulantes e criativos da minha vida. Depois veio o terceiro ano, e o charme do Técnico esfumou-se um bocado ...

Épà, se se lembrarem dessa noite que descrevi, comentem para afinar os detalhes...

Na altura ainda a fotografia digital e o Google não tinham entrado na minha vida. Pelo que não guardo recordação desses anos, excepto por onirismos.



Mas se olharmos para 2003, quando a Cristina fez anos e convidou-nos todos para o Guincho para praia e piquenique ...

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