sexta-feira, 18 de julho de 2008

Se o jantar da Ana fosse em Pittsburgh

Não diríamos obrigada ao empregado, mas sim "Thank you".

Não poderíamos ir a um restaurante testósteronico. Aqui, os restaurantes são tão fashion e assépticos que fazem as migalhas sentir-se fora do esquema de decoração.

Também não teríamos direito a pão alentejano e queijos rançosos antes do bacalhau com natas e do caldo verde. Em vez disso, trar-nos-iam bebidas frescas e, na falta de azeitonas, poderíamos chupar as pedras de gelo que, por omissão, vêm sempre dentro do copo.

Não haveria coisas simples e boas, como azeite ou salada a saber a alface. Seria muito difícil encontrar peixe a cheirar a rio e mar. Mas teríamos imensos molhos à discrição e também poderíamos arriscar uns bolos de caranguejo.

Não precisaríamos de esbracejar caso quiséssemos um palito ou a conta. O nosso desejo seria antecipado pelo empregado. Mas ele não nos ofereceria leite creme ou cheese cake, na esperança que nos fôssemos embora mais cedo. Assim, poderá atender mais doadores de gorjetas.

Em vez de ir ao Bairro, poderíamos ficar a divagar sobre a justiça da gorjeta. Poderíamos também discutir sobre a taxa em particular que gostaríamos de aplicar à nossa refeição (entre 15 a 20%) e qual o impacto disso na vida do ToZé que cirandou à nossa volta.

Ninguém poderia beber bica. Aqui só há bicas em locais escondidos da cidade.

O Guimas poderia discutir em voz alta vários cenários envolvendo os nossos vizinhos em cuecas, que todos eles sorririam para nós.

A Ana seria a pessoa mais originalmente bonita do restaurante, da área e, provavelmente, da cidade.

1 comentário:

Salome disse...

Escreves mesmo bem!

Isso é mesmo outro mundo! Vais aprender imensas coisas novas!!!

:)