quarta-feira, 23 de julho de 2008

Speaking american

Vim para a américa, pensava que tinha que falar inglês. Mas aqui o inglês só se fala dentro dos escritórios dos professores e é quando o assunto é investigação. Logo aí se vê que o seu interesse é limitado e que palavras inglesas chegam a muito poucos sítios.

Na América da vida real fala-se americano, em diferentes versões.

Europeus a falar inglês constituem o nível mais fácil: falam todos em sotaques assumidamente diferentes e há a mesma tolerância aos erros e trocas de sujeito e predicado. Engraçado como a música de cada língua transpira mesmo quando falamos numa língua que não é a nossa: espanhois, italianos, ingleses, franceses e alemães ficam sem máscara assim que abrem a boca. Sinto-me muito à vontade nesta língua: é como se eu e o outro habitássemos a mesma casa.

Por outro lado, falar com um americano é falar com uma pessoa que já conhece os cantos todos da casa. Só o facto em si deixa-me nervosa, e mais consciente do advérbio de modo atrás da vírgula.

De nível mais avançado são as estaladas verbais que condutores de autocarro e atendedores de caixa nos pregam quando menos esperamos. Curtas, rápidas e referentes a outras regras culturais, estas pequenas frases faziam-me repetir "what?" como um papagaio. Felizmente, é só preciso perceber uma vez que às vezes se mostra o passe quando se sai do autocarro (e não quando se entra) e que se tiver um "advantage card" do supermercado pago menos.

Americano no seu nível mais avançado encontra-se sobretudo em festas. Aqui existe de tudo, desde chineses sorridentes e mudos a americanos inteligentes que falam rápido. Ainda se está no meio da digestão de uma ideia, já está o americano a começar com outra. Chato. Mais difícil só se o americano inteligente estiver bebedo e misturar piadas ou ideias falsas no diálogo.

É claro que é preciso persistência, dedicação e talvez uns copos para chegar a este nível de compreensão. Em todo o caso, não pretendo ficar por aqui... para falar americano a sério é preciso vencer todos estes testes e mais um: falar com sopinhas de massa americanos. Isso sim, é difícil.

3 comentários:

Ana Mourao disse...

Quem precisa do British Council, ou mesmo cursos de línguas em geral?
Reitero a ideia de que uma carreira tua em Sociologia seria promissora ;)
*

João Vasco disse...

Oh, não!

Já faz quase uma semana.

Preciso da minha dose!

Anónimo disse...

tenho andado a acumular fotografias ;)