quinta-feira, 10 de julho de 2008

These were a few of my favorite things

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Smiles on faces and hope in the air
Jews that fart and green organic spinach
Buses that look like the StarStrek spaceship
These were a few of my favorite things.

Luxurious forests and the vastitude of the plain
Miss Marple talking about anal sex late in the night
Learning things when I least expected it
These were a few of my favorite things.

When I can't find juices made of fruit
When I don't know whether to form a queue or not
When I'm feeling sad,
I simply remember my favourite things,
And then I don't feel, so bad.

http://www.youtube.com/watch?v=LUno0WNot5U

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Às vezes estranhos sorriem-me só porque os nossos olhos por acaso se cruzaram na rua. Este insólito acontecimento já foi relatado por outros portugueses. E parece-me que existe aqui uma maior propensão à delicadeza formal, com mais "excuse me" e "sorry" por diálogo. Acrescentei o "hope in the air" porque a américa é a rainha do optimismo e das (pequenas e grandes) respostas construtivas. Acredita-se em soluções rápidas. Em todo o caso, isto contribui para uma certa atmosfera acolhedora e promissora.

Acolhedora também é a minha vizinhança. Estou agora a viver no bairro judeu da cidade. Veêm-se muitos rapazes com barbas messiânicas e chapeuzinhos pretos no cucuruto da cabeça. Tudo muito ortodoxo, portanto. Mas todos os humanos têm intestino, mesmo aqueles que não têm estômago para hóstias... Uma manhãzinha, ao sair de casa, sou surpreendida por um judeu a lançar foguetes à Dia da Independência, daqueles que silenciam a passarada. Somos todos irmãos depois de uma boa feijoada.

Também eu tive um momento Star Trek no outro dia. O captain Kirk cá do sítio foi um motorista anónimo da Carris Pittsburghiana. Para deixar entrar um deficiente em cadeira de rodas, carregou num botãozinho e logo uma plataforma elevatória emergiu do autocarro, transformando o transporte "público" num transporte mesmo público.

Mas a comida é cara e os mais pobres são os mais gordos (facto). Apesar disso, há mais opções para os mais ricos (entre os quais estão actualmente todos os EUROpeus). O meu Pingo Doce tem uma marca branca Bio que inclui desde vegetais (incluindo espinafres crus tenrinhos) a massas, passando por leite e ovos. Agora compro tudo Bio, sobretudo porque tenho a impressão que, no país dos transgénicos e das patentes, o que não é Bio é letal a médio prazo.

Por outro lado, o clima tropical propicia uma vastidão luxuriante e verde que faz Sintra parecer-se com as traseiras de um quintal. Não há incêndios, mas sim bambis à discrição.

Os media também oferecem surpresas. No outro dia, às 3 da manhã, à espera que o computador se despachasse com os cálculos, pus-me a ver televisão. Por entre cerca de 50 canais, alguns com messias cristãos a tentarem-me convencer que um milagre me poderia acontecer (logo a mim), encontrei uma Miss Marple a dar conselhos sobre sexo anal às espectadoras interessadas. A Miss estava muito à vontade, e acompanhava as advertências com gestos auto-explicativos sobre o que devia entrar onde e de que maneira.

Mas, passado um mês, ainda não consegui perceber onde e quando e se deverei mesmo fazer fila para os autocarros. De facto, só há pouco tempo é que percebi que a ordem que eu via no amontoado de gente era invísivel para os meus companheiros de paragem. Agora estou presa entre culturas.
E, para meu desgosto, existem mil sumos à base de concentrado e apenas sumos de laranja amargos feitos com fruta a sério.
Mas isso não é suficiente para me deixar sad.

2 comentários:

Guillaume Riflet disse...

Oh, que eloquência! Tens jeito.

Salome disse...

Oh, que bonito... beijinhos de saudades :)